terça-feira, 26 de junho de 2012

Peso

Sem ironia, acho mesmo que a futilidade deveria ser, se já não é, objeto de estudo e grande admiração.
Qual a vantagem em uma vida repleta de autoconhecimento, propósito, procura e entrega, se tal ciência acaba por nos privar de todo deleite que apenas a boa e velha ignorância pode proporcionar?
Datas, consumo, estética, popularidade e todos os pequenos (e os não tão pequenos) símbolos de status que puderem ser invejados...
Quando se permite que todas as revisões de percurso sejam baseadas nesses temas acessórios, o que sobra para se arrepender? Seja o que for, faz parte do desconhecido, guiado pela ausência de interesse aos meandros da alma. O que falta nunca esteve lá, e isto basta.
Tudo se resume em uma busca sequencial por novos pequenos interesses inofensivos e rasos, que ao final de um período não somam sequer carga digna de desconforto.
A questão da leveza, esta sim já foi muito discutida. Seja na definição de Parmênides, que a julgava apenas como a ausência do peso, ou ainda segundo Nietzsche, que atestava ser a leveza o triunfo da genuinidade do ser sobre as imposições sociais, ambas se aplicam também ao conceito do "fútil".
Acontece que a futilidade é maior que tudo isso. É mais que a vitória dos instintos sobre o determinado, que a predominância de quem se faz obcecado pelo oco, que o desejo em possuir e a falta de coragem para ser, que a massa que move todo descompromisso ingenuamente reforçado, às vezes através do próprio compromisso.
É um rolo compressor pronto para igualar por baixo todas as ambições humanas em prol da volátil plenitude.
Ela é o Tchum, o Tcha, e tudo o que houver entre os dois.