terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Fura Bolo

E eu vou continuar a reclamar sobre tudo a meu respeito, até que você concorde. Nesse ponto eu vou dizer que você não sabe porra nenhuma.

Cabresto

O coletivo alimenta a mesmice como quem joga migalhas os pombos, e depois reclama da cagada no ombro. E todo mundo segue satisfeito, reclamando do que é, sem nunca se dar conta do que poderia ser.

domingo, 22 de julho de 2012

No caminho

Se é também a espera parte da recompensa, sigo hoje vivendo de meus breves tesouros.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Peso

Sem ironia, acho mesmo que a futilidade deveria ser, se já não é, objeto de estudo e grande admiração.
Qual a vantagem em uma vida repleta de autoconhecimento, propósito, procura e entrega, se tal ciência acaba por nos privar de todo deleite que apenas a boa e velha ignorância pode proporcionar?
Datas, consumo, estética, popularidade e todos os pequenos (e os não tão pequenos) símbolos de status que puderem ser invejados...
Quando se permite que todas as revisões de percurso sejam baseadas nesses temas acessórios, o que sobra para se arrepender? Seja o que for, faz parte do desconhecido, guiado pela ausência de interesse aos meandros da alma. O que falta nunca esteve lá, e isto basta.
Tudo se resume em uma busca sequencial por novos pequenos interesses inofensivos e rasos, que ao final de um período não somam sequer carga digna de desconforto.
A questão da leveza, esta sim já foi muito discutida. Seja na definição de Parmênides, que a julgava apenas como a ausência do peso, ou ainda segundo Nietzsche, que atestava ser a leveza o triunfo da genuinidade do ser sobre as imposições sociais, ambas se aplicam também ao conceito do "fútil".
Acontece que a futilidade é maior que tudo isso. É mais que a vitória dos instintos sobre o determinado, que a predominância de quem se faz obcecado pelo oco, que o desejo em possuir e a falta de coragem para ser, que a massa que move todo descompromisso ingenuamente reforçado, às vezes através do próprio compromisso.
É um rolo compressor pronto para igualar por baixo todas as ambições humanas em prol da volátil plenitude.
Ela é o Tchum, o Tcha, e tudo o que houver entre os dois.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Não era pra ser e outros clichês

Não sou bom em insistir... nada me deixa mais puto do que ter que insistir em algo.
Na verdade, a necessidade em insistir me soa como a primeira e maior motivação para a desistência.
Qual a glória em se vencer pelo cansaço, e qual a probabilidade de que essas conquistas se mantenham, sendo frutos de tanta força para se tornar algo que, na verdade, nem deveriam ter sido logo de inídcio?
Eu sei que pode ser apenas minha preguiça falando por mim, mas talvez ela saiba das coisas.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Certas marcas...

Um desses adesivos bregas da família feliz, colado à traseira de um carro qualquer misturado ao trânsito, me deixou pensativo por alguns instantes num dia desses, e veio à memória novamente esta manhã.
O curioso, no entanto, não é o fato de que ainda existam pessoas com a deficiência de noção necessária para colar esta merda no carro, mas sim a triste retratação do quadro familiar em questão.
Haviam, na sequência, adesivos de um rapaz feliz com boné de lado, a marca de cola do que outrora foi uma moça de vestido, e um cachorro, o qual faltavam duas patas e o rabo.
Em resumo, meu amigo, tudo pode sempre ser pior. Ela podia ter levado o cachorro inteiro.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Existindo

Se “Penso, logo existo” fosse uma equação elementar, ninguém existiria mais do que eu.
Claro que Descartes, tanto na álgebra quanto na filosofia quanto no espaço entre os dois, está longe de ter a resolução de toda e qualquer situação obscura através da busca pela verdade absoluta, e esta aplicação matemática ao seu bordão filosófico faz ainda menos sentido quando lembro que existem pessoas que, embora não pensem, são sempre tão presentes.
Ainda assim, esta relação explicaria bem essa minha vontade de, às vezes, existir em menor intensidade.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Para Chamar de Sua

-"Então é isso que você faz nas horas vagas?"
Na verdade, eu bebo e faço merd@ durante as minhas horas vagas... mas nas horas vagas entre as minhas horas vagas, eu também gravo umas músicas.
Deixando o sarcasmo um pouco de lado, dessa vez eu acredito em mim quando digo que em 2012 voltarei a fazer o que mais gosto de fazer.

Para Chamar de Sua (Léo Gomes)

Tudo se foi, tudo está no mesmo lugar
Todo o acaso que nos couber desperdiçar
Minhas velhas roupas ainda me cabem, mas à minha alma nada serve
Entre despedidas e boas vindas
Sobra a falta que a falta faz
Tudo o que você tem não há em nenhum outro lugar
Como é ter todos e não ter ninguém?

E você nunca estará em uma canção
O vazio que couber em uma canção
Você nunca terá uma canção para chamar de sua
Para cantar “só sua”

O barulho no que quase aconteceu
Em silêncio o que acontece quase sem se notar
Ao peito o frio quase morno que ainda sonha em escaldar
Recordando promessas de nunca se esquecer
Sob os pés a sombra que míngua ao sol do meio dia
À espera de um novo começo onde a tarde apontar

E você nunca estará em uma canção
O vazio que couber em uma canção
Você nunca terá uma canção para chamar de sua
Para cantar “só sua”

Então um belo dia eu nunca estive lá

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Leste Km 49

Papai portuga é, reconhecidamente, mais repetitivo que surpreendente em sua curta e insistente filosofia. Ainda assim, guardo alguns de seus ensinamentos para noites como esta. "Eu gosto de quem gosta de mim". Me faltam dedos para contar quantas foram as ocasiões em que ouvi esta frase, acreditando sempre se tratar de uma solitária lição sobre o desprezo (ou uma desprezível lição sobre a solidão). Mas esta noite eu gosto da estrada, e a estrada gosta de mim, e também não me importo em enfatizar, apenas para garantir que estamos aproveitando toda a reciprocidade de que fomos feitos. E neste instante, me agrada saber que estive errado todo o tempo sobre essa frase, pois neste instante eu gosto um pouco mais da estrada, por saber que ela gosta de mim. E no instante seguinte, desejo que a estrada goste um pouco mais de mim, só por gostar dela esse pouco mais.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Entre despedidas e boas vindas

Apenas ser o “cara novo” tem ocupado muito do meu tempo.
Isso porque o “cara novo” pode (ou deve) fazer tudo diferente... ele tem novos amigos, novos interesses, novos talentos, novos hábitos, novos problemas, e tudo isso dá muito trabalho.
O que interessa mesmo nessa novidade toda é poder escolher como esse novo vai ser, e aproveitar tudo, até que tudo seja velho de novo. É poder colocar em prática o que sempre quis para sí, mas que estava enterrado fundo demais sob a mesmice, que nunca antes se mostrou tão despropositada.
É justamente encontrar novos propósitos em pálidos costumes, graça em piadas já tão desbotadas, e utilidades para antigos defeitos que, de tão praticados, hoje se passam facilmente por habilidades questionáveis.
Enfim, para aqueles que se orgulham em repetir “se pudesse, faria tudo igual outra vez”, tenho duas novidades:
Primeira, você pode, e isso não é slogan capitalista ou mantra de auto ajuda. É apenas a constatação de que, querendo ou não, dia após dia se vive uma vida diferente da que passou, repleta de rupturas com o passado, memórias em movimento e arrependimentos gradativos prontos para serem confrontados, antes que se tornem constatações conformistas ao final de um longo caminho de insistência e decepções.
Aos que optarem pela ilusão da linha reta, restará sempre o advento da extrema unção. Particularmente, prefiro não esperar pelo meu último suspiro para me arrepender de minhas ações, ou falta delas.
Segundo, e essa é para quem vive pela segurança da repetição, as coisas podem ser melhores, e deveriam ser... ao menos para os que conseguirem entender que os ciclos se repetem, mas o que te fez feliz um dia não necessariamente será o bastante para garantir os próximos anos de sorrisos largos. Saber o porque você foi capaz de ser feliz com algo, isso sim faz toda a diferença.
E é bem assim, de repente sem repente, entre despedidas e boas vindas, do sossego ao impreciso, por singulares novos vícios, que tudo volta a fazer algum sentido, uma vez mais.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Cócegas

É a melhor forma que tenho para descrever essa sensação...
Você sorri, mas não é propriamente alegria ou satisfação... na verdade, é algo que beira o desconforto, e serve apenas para desviar a atenção do que lhe incomodava segundos atrás, além de acabar subitamente marcada por uma última risada que mais parece um suspiro, como de quem diz “tá, e agora?”.
Compreendido isso, como se tira uma pena do coração?

domingo, 21 de agosto de 2011

A quem possa desinteressar

Para alguns, existe muito pouca coisa pior que gente interesseira.
A mim, por não ter muito o que possa despertar estes interesses obscuros, essas pessoas não incomodam tanto assim. As desinteressadas, estas sim, fazem meu sangue ferver.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Ponto cego

O mais libertador sobre uma mente obsessiva, é a certeza de se encontrar pela frente uma nova obsessão pela qual se perder.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Gato e o Caramujo

Era uma vez uma menina que adorava cuidar de animais abandonados.
Certa vez ela acolheu um gato, que passava todos os dias em sua casa para se alimentar e aproveitava para lhe trazer um presente da rua.
Hora um pé de tênis velho, uma camisa jeans ou beiradas roídas de esfihas do Habib's.
Foi então que ele surgiu, numa manhã de frio intenso, com seu presente mais inusitado... um caramujo recém chegado em uma das raras chuvas da estação. 
A menina logo se afeiçoou ao caramujo pelo seu jeito cuidadoso e admirava seu estilo urbano despojado.
Eles faziam grafites pela cidade e procuravam no google formas de se usar uma camisa jeans sem parecer uniforme de companhia telefônica.
Foi quando o pequeno gato, em uma de suas visitas diárias, encontrou a menina e o caramujo dormindo de conchinha.
O gato, dominado pela raiva, atirou 5 vezes contra o caramujo, que era membro de um grupo de rap da costa oeste e também era próximo do Tupac.
Enquanto o caramujo se recuperava no hospital, seus amigos seguidores do Notorious B.I.G. preparavam uma emboscada para o gato quando ele voltasse para casa, mas o gato sabia que eles o estariam esperando.
Ele reuniu seu bando e foram todos à casa da menina, e foi quando o começou o desafio freestyle entre os caramujos da costa oeste e os gatos da costa leste.
E foi rimando que eles acabaram com as rixas e gravaram uma música com Tina Turner, Barry Manilow, Jay Z e Iggy Pop.

Moral da história: Quem diria que ela iria demorar tanto para dormir...?! Mais 2 minutos e eu teria que apelar para um hamster grunge.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Epifania

Tudo o que fiz e fizeram à mim, tudo o que aprendi ou me forcei a esquecer, todas as pessoas pelo caminho, suas histórias e o que desejei acreditar me trouxeram exatamente a esse ponto da minha vida, sabendo apenas o necessário para decidir por um caminho que já estava sendo trilhando antes mesmo de eu começar a andar.
Essa é apenas uma das formas de se atribuir algum sentido à aleatoriedade desses fragmentos factuais, e admito existirem outras versões menos ensolaradas de vivencia-los, mas só por hoje me permitirei acreditar que estes mesmos fatos, tais quais me lembro, foram sempre o que são hoje, à medida que minha memória cede em benefício da celebração, e estendo os braços para todo o acaso que eu puder abraçar.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A falta que a falta faz...

Como saudosista praticante sinto falta de muita coisa, mas numa época tão farta, em que se vive pela plenitude do ser e do ter, preencher todas as lacunas de tempo, caráter, talento, popularidade e posses se torna tarefa digna do Beatle mais bem sucedido, e são justamente as privações que permanecem mais vivas na minha lembrança.
Acontece que essa fobia em ocupar cada fresta ignora os limites da existência e eleva as carências ao seu estado mais denso. Nunca mais será o bastante almoçar com alguns bons amigos, conquistar algo pela qual batalhou ou ser talentoso em algo.
É preciso estar com todos ao mesmo tempo, em todos os lugares (em que houver Wi-Fi, ao menos), ter tudo o que se há para ter, ser excepcional sob todas as formas.
Em tempos tão maciços, sinto a falta de dias mais arejados, quando suas qualidades e defeitos convergiam num conceito agora obsoleto... o da individualidade.
Conceito este em que o conjunto da obra não mirava a unanimidade, mas algo único em seu conteúdo e ausências, valorizado por tudo o que é e pelo o que nunca vai ser.
Afinal, a maior utilidade do vaso mais belo continua sendo o espaço vago da qual ele é feito.


Sent from my iPhone... NOT!

terça-feira, 24 de maio de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

Puxando conversa

Disse ela, enquanto farejava desconfiada as mangas da camiseta recém descartada sobre a cama:

XX: - Cheiro estranho... você acha que consegue usar esta camiseta outra vez?
XY: - Acredito que sim... a entrada continua sendo esse buraco maior embaixo?
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Amigo 1: O que não te mata, te faz mais forte!
Amigo 2: Acontece que eu não quero ser mais forte... eu até gosto das minhas
fraquezas e da forma como elas definem minha personalidade.
Amigo 1: Então seja mais fraco.
Amigo 2: Acho que gostaria de viver tudo com menos intensidade, assim o ruim não seria tão ruim... por outro lado o bom não seria tão bom... também não sei se essa é a solução...
Amigo 1: Po##a, mas nada está bom pra você...
Amigo 2: Qual era mesmo a primeira opção?

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Amigo 1: Às vezes sinto um vazio crescente como se estivesse desaparecendo aos pouquinhos à vista de todos, feito a sombra que mingua pela manhã à espera do sol do meio dia, torcendo pela oportunidade de recomeçar do zero na direção que a tarde apontar...
Amigo imaginário 1: Olha “Sombra”, porque você não começa arrumando amigos de verdade?

sábado, 14 de maio de 2011

RRRRRRRRRodei

Eu definitivamente não me descreveria como uma pessoa pessimista.
Gosto de pensar que sou um profundo admirador da ironia encharcada nas inconveniências habituais.
Tá bom, admito que em certos momentos passo de comentarista de apoio à narrador torcedor, ressaltando alguns "Rs" ao estilo Galvão Bueno, mas e daí?