quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Gato e o Caramujo

Era uma vez uma menina que adorava cuidar de animais abandonados.
Certa vez ela acolheu um gato, que passava todos os dias em sua casa para se alimentar e aproveitava para lhe trazer um presente da rua.
Hora um pé de tênis velho, uma camisa jeans ou beiradas roídas de esfihas do Habib's.
Foi então que ele surgiu, numa manhã de frio intenso, com seu presente mais inusitado... um caramujo recém chegado em uma das raras chuvas da estação. 
A menina logo se afeiçoou ao caramujo pelo seu jeito cuidadoso e admirava seu estilo urbano despojado.
Eles faziam grafites pela cidade e procuravam no google formas de se usar uma camisa jeans sem parecer uniforme de companhia telefônica.
Foi quando o pequeno gato, em uma de suas visitas diárias, encontrou a menina e o caramujo dormindo de conchinha.
O gato, dominado pela raiva, atirou 5 vezes contra o caramujo, que era membro de um grupo de rap da costa oeste e também era próximo do Tupac.
Enquanto o caramujo se recuperava no hospital, seus amigos seguidores do Notorious B.I.G. preparavam uma emboscada para o gato quando ele voltasse para casa, mas o gato sabia que eles o estariam esperando.
Ele reuniu seu bando e foram todos à casa da menina, e foi quando o começou o desafio freestyle entre os caramujos da costa oeste e os gatos da costa leste.
E foi rimando que eles acabaram com as rixas e gravaram uma música com Tina Turner, Barry Manilow, Jay Z e Iggy Pop.

Moral da história: Quem diria que ela iria demorar tanto para dormir...?! Mais 2 minutos e eu teria que apelar para um hamster grunge.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Epifania

Tudo o que fiz e fizeram à mim, tudo o que aprendi ou me forcei a esquecer, todas as pessoas pelo caminho, suas histórias e o que desejei acreditar me trouxeram exatamente a esse ponto da minha vida, sabendo apenas o necessário para decidir por um caminho que já estava sendo trilhando antes mesmo de eu começar a andar.
Essa é apenas uma das formas de se atribuir algum sentido à aleatoriedade desses fragmentos factuais, e admito existirem outras versões menos ensolaradas de vivencia-los, mas só por hoje me permitirei acreditar que estes mesmos fatos, tais quais me lembro, foram sempre o que são hoje, à medida que minha memória cede em benefício da celebração, e estendo os braços para todo o acaso que eu puder abraçar.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A falta que a falta faz...

Como saudosista praticante sinto falta de muita coisa, mas numa época tão farta, em que se vive pela plenitude do ser e do ter, preencher todas as lacunas de tempo, caráter, talento, popularidade e posses se torna tarefa digna do Beatle mais bem sucedido, e são justamente as privações que permanecem mais vivas na minha lembrança.
Acontece que essa fobia em ocupar cada fresta ignora os limites da existência e eleva as carências ao seu estado mais denso. Nunca mais será o bastante almoçar com alguns bons amigos, conquistar algo pela qual batalhou ou ser talentoso em algo.
É preciso estar com todos ao mesmo tempo, em todos os lugares (em que houver Wi-Fi, ao menos), ter tudo o que se há para ter, ser excepcional sob todas as formas.
Em tempos tão maciços, sinto a falta de dias mais arejados, quando suas qualidades e defeitos convergiam num conceito agora obsoleto... o da individualidade.
Conceito este em que o conjunto da obra não mirava a unanimidade, mas algo único em seu conteúdo e ausências, valorizado por tudo o que é e pelo o que nunca vai ser.
Afinal, a maior utilidade do vaso mais belo continua sendo o espaço vago da qual ele é feito.


Sent from my iPhone... NOT!