domingo, 22 de julho de 2012

No caminho

Se é também a espera parte da recompensa, sigo hoje vivendo de meus breves tesouros.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Peso

Sem ironia, acho mesmo que a futilidade deveria ser, se já não é, objeto de estudo e grande admiração.
Qual a vantagem em uma vida repleta de autoconhecimento, propósito, procura e entrega, se tal ciência acaba por nos privar de todo deleite que apenas a boa e velha ignorância pode proporcionar?
Datas, consumo, estética, popularidade e todos os pequenos (e os não tão pequenos) símbolos de status que puderem ser invejados...
Quando se permite que todas as revisões de percurso sejam baseadas nesses temas acessórios, o que sobra para se arrepender? Seja o que for, faz parte do desconhecido, guiado pela ausência de interesse aos meandros da alma. O que falta nunca esteve lá, e isto basta.
Tudo se resume em uma busca sequencial por novos pequenos interesses inofensivos e rasos, que ao final de um período não somam sequer carga digna de desconforto.
A questão da leveza, esta sim já foi muito discutida. Seja na definição de Parmênides, que a julgava apenas como a ausência do peso, ou ainda segundo Nietzsche, que atestava ser a leveza o triunfo da genuinidade do ser sobre as imposições sociais, ambas se aplicam também ao conceito do "fútil".
Acontece que a futilidade é maior que tudo isso. É mais que a vitória dos instintos sobre o determinado, que a predominância de quem se faz obcecado pelo oco, que o desejo em possuir e a falta de coragem para ser, que a massa que move todo descompromisso ingenuamente reforçado, às vezes através do próprio compromisso.
É um rolo compressor pronto para igualar por baixo todas as ambições humanas em prol da volátil plenitude.
Ela é o Tchum, o Tcha, e tudo o que houver entre os dois.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Não era pra ser e outros clichês

Não sou bom em insistir... nada me deixa mais puto do que ter que insistir em algo.
Na verdade, a necessidade em insistir me soa como a primeira e maior motivação para a desistência.
Qual a glória em se vencer pelo cansaço, e qual a probabilidade de que essas conquistas se mantenham, sendo frutos de tanta força para se tornar algo que, na verdade, nem deveriam ter sido logo de inídcio?
Eu sei que pode ser apenas minha preguiça falando por mim, mas talvez ela saiba das coisas.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Certas marcas...

Um desses adesivos bregas da família feliz, colado à traseira de um carro qualquer misturado ao trânsito, me deixou pensativo por alguns instantes num dia desses, e veio à memória novamente esta manhã.
O curioso, no entanto, não é o fato de que ainda existam pessoas com a deficiência de noção necessária para colar esta merda no carro, mas sim a triste retratação do quadro familiar em questão.
Haviam, na sequência, adesivos de um rapaz feliz com boné de lado, a marca de cola do que outrora foi uma moça de vestido, e um cachorro, o qual faltavam duas patas e o rabo.
Em resumo, meu amigo, tudo pode sempre ser pior. Ela podia ter levado o cachorro inteiro.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Existindo

Se “Penso, logo existo” fosse uma equação elementar, ninguém existiria mais do que eu.
Claro que Descartes, tanto na álgebra quanto na filosofia quanto no espaço entre os dois, está longe de ter a resolução de toda e qualquer situação obscura através da busca pela verdade absoluta, e esta aplicação matemática ao seu bordão filosófico faz ainda menos sentido quando lembro que existem pessoas que, embora não pensem, são sempre tão presentes.
Ainda assim, esta relação explicaria bem essa minha vontade de, às vezes, existir em menor intensidade.